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Centro Operário da Bahia: Mutualismo
e Jogo Oligárquico
Aldrin A. S. Castellucci1
Em 12 de julho de 1901, uma comissão operária,
representando onze sociedades mutualistas, enviou uma representação
à Câmara dos Deputados da Bahia solicitando a manutenção,
no Orçamento Anual do Estado, de uma subvenção que
este lhes dava havia algum tempo. Neste documento, a comissão operária
dizia-se "profundamente confiante nos esclarecidos espíritos"
dos parlamentares baianos, posto que estes sempre haviam pautado os seus
atos pelo "patriotismo e filantropia" em prol do "bem-estar
do povo" e lembrava que aquelas sociedades mutualistas assistiam
a um incontável número de pessoas vítimas de doenças,
viuvez, orfandade ou invalidez, o que as deixavam, quase sempre, em situação
econômica deficitária. A representação argumentava
ainda que naquele momento a Bahia estava passando por uma grave crise
de abastecimento e confessava que era grande a inadimplência porque
a classe operária não dispunha de recursos para saldar,
com regularidade, as suas obrigações junto às associações,
que por isso passaram a sobreviver praticamente das subvenções
do Estado. O documento terminava afirmando com todas as letras que as
abaixo-assinadas não poderiam "viver sem as subvenções
que dá-lhes o Estado", pois "tirar-lhes as subvenções
é matar a maior parte delas, o que estamos certos não sucederá
porque Vossas Excelências não deixarão de conceder-lhes
o valioso apoio que o nosso Estado sempre prestou a estas instituições
beneficentes, porque sempre reconheceu nas mesmas um elemento de ordem
e progresso."2
Esta é apenas uma, entre muitas evidências que encontramos
no decorrer de nossas pesquisas, sobre a existência, na Bahia, de
um padrão de organização operária de socorros
mútuos fomentado, legitimado e subvencionado pelo Estado. As formas
desta legitimação eram variadas, mas encontravam a sua expressão
mais acabada no momento em que o Estado lhes outorgava o título
de sociedades de utilidade pública, honraria que foi conferida
a diversas sociedades mutualistas de trabalhadores que integravam a vasta
clientela das facções oligárquicas baianas e que
funcionava como mecanismo de reconhecimento das mesmas enquanto mediadoras
das relações que as autoridades mantinham com a classe operária.3
Esse mecanismo funcionava também como elemento de legitimação
da distribuição e recebimento de subvenções
estatais, oriundas das várias esferas do poder público e
a afirmação crua de que aquelas sociedades haviam desenvolvido
uma dependência profunda dos recursos do Estado é a expressão
do que estava acontecendo com muitas outras sociedades de trabalhadores.4
Considerando a dimensão deste texto, vamos nos ater ao estudo do
Centro Operário da Bahia que, acreditamos, expressa muito bem esse
padrão. Antes de tornar-se uma das principais organizações
mutualistas que agregava artesãos e operários de diversos
ofícios, o Centro Operário havia sido uma organização
política no sentido estrito do termo. O então Partido Operário,
fundado em 1890 e igualmente formado por artistas e operários,
reunia-se na sede da Sociedade Luso-Guarani, localizada no Pelourinho,
e já publicava o jornal A Voz do Operário herdado pelo Centro
Operário. Contudo, o partido terminou os seus dias de existência
de forma precoce quando, por ocasião das primeiras eleições
republicanas, abdicou de lançar e apoiar candidatos próprios
para iniciar a sua longa trajetória de composição
política com determinados setores do jogo oligárquico.5
Em 1894, os remanescentes que integraram aquela organização
fundaram o Centro Operário da Bahia, argumentando que o mesmo havia
surgido na esteira das lutas operárias advindas com a República,
objetivando alcançar as aspirações que o seu antecessor
não conseguira concretizar em função da ação
perniciosa de indivíduos estranhos à classe operária.6
É significativo que a assembléia fundadora do Centro Operário
tenha ocorrido no Teatro Politeama Baiano, sob a presidência provisória
do Conselheiro José Luiz de Almeida Couto, que à época
ocupava o cargo de Intendente de Salvador, e depois sob a presidência
efetiva do próprio Governador do Estado, Joaquim Manoel Rodrigues
Lima, políticos influentes da época. Há registros
de que cerca de cinco mil operários tomaram parte no conclave,
além de autoridades oficiais e representantes de outras sociedades
operárias, mas não há maiores evidências sobre
tal número ou acerca dos ofícios que compunham a nascente
sociedade.7
Uma vez criado, o Centro Operário procurou apresentar-se como um
"centro de progresso" e "reduto de civilização"
no qual os "filhos do trabalho", tendo "por bússola
Deus, a Lei e Liberdade do Povo", procurariam agir em sintonia com
a "sublime idéia de República" e de valorização
de seus ofícios. Domingos Silva, seu primeiro presidente, num libelo
de 6 de maio de 1894, procurou explicitar sua posição dizendo
que para os "homens do trabalho cotidiano, a República não
é somente uma conquista das liberdades e da democracia, não
é simplesmente o agente precursor intemerato do progresso material
e social, mas sim a significação positiva do alento do operário,
o ar suavíssimo que lhe fortalece o espírito, lhe engrandece
a alma e lhe entusiasma o coração. Por isso, a ninguém
mais do que a nós cumpre trabalhar em seu proveito, para que ela
não continue a traduzir apenas simples teorias, mas também
a consumação dos fatos."8 A criação
do Centro Operário reflete, portanto, o clima de expectativas,
esperanças e anseios de participação política
gerado na classe operária pela mudança de regime e que levou
à fundação de partidos operários em vários
centros urbanos do país, muitas vezes acumulando funções
sindicais e político-partidárias.9
A Constituição do Centro Operário da Bahia instituía
uma estrutura interna composta de um Conselho Executivo e vários
Conselhos Paroquiais formados por operários e artesãos dos
diversos distritos de paz da cidade do Salvador.10 Quando foi
promulgada, "em nome da união, prosperidade e garantias dos
seus membros e do desenvolvimento das artes, ofícios e indústrias",
incumbiu o Centro Operário de oferecer cursos primário,
secundário, acessório e técnico; criar uma biblioteca,
uma filarmônica e uma orquestra; estabelecer uma tipografia para
uso dos oficiais sócios e para a impressão do jornal A Voz
do Operário; criar uma casa de recolhimento de menores pobres e
de órfãos de operários para serem treinados como
aprendizes de um ofício; uma segunda casa de recolhimento, destinada
a abrigar operários inválidos, velhos ou doentes; uma caixa
de socorros para operários acometidos de moléstia ou invalidez,
auxílio funerário e pensão para viúvas em
caso de morte; assistência judiciária nos litígios
envolvendo operários na condição de inocentes ou
perseguidos; criação de uma caixa operária, mediante
a expedição de ações de 10$000, com capital
de um mil contos de réis, que poderia ser ampliado de acordo com
a necessidade, acessível aos operários de ambos os sexos,
tendo fundo, gestão e regulamento próprios e objetivando
a construção de casas de tamanho regular que deveriam ser
alugadas ou vendidas a operários, o que sem dúvida alguma
constituía uma novidade no leque de serviços prestados pelas
sociedades de socorros mútuos no Brasil. Este documento estabelecia
também uma distinção entre os filiados, que poderiam
ser agremiados ou associados.11 Os primeiros pagavam uma jóia
de 2$000 e uma mensalidade de $500, enquanto aos últimos eram exigidas
jóias de 5$000 e mensalidades de 1$000. O valor das mensalidades
desta última categoria de sócio estava em sintonia com o
achado para o Rio de Janeiro, mas os valores das jóias estavam
nivelados por baixo, já que a média daquele estado era de
20$000, podendo chegar a 40$000. Inversamente, as pensões de 50$000
pagas pelo Centro Operário eram bem maiores do que as das sociedades
mutualistas cariocas, que pagavam entre 20$000 e 30$000, sendo o primeiro
valor o mais comum.12
A grande oferta de serviços e os baixos valores arrecadados em
forma de contribuições dos associados, principalmente considerando
os altos níveis de inadimplência e os constantes indultos,
fizeram surgir um desequilíbrio estrutural entre a receita e a
despesa.13 Desde o início, os déficits eram cobertos
com recursos do Estado, a partir das antigas relações de
tipo clientelistas que os governantes continuaram a manter com a classe
operária sob a República. Essa relação pressupunha
uma troca, de caráter desigual, pela qual eram concedidos benefícios
para as sociedades operárias e estas retribuíam com apoio
político, possivelmente na forma do voto e por meios simbólicos.
Os benefícios que o Estado tinha a oferecer eram as isenções
de impostos14 , doações e subvenções
diretas, em dinheiro. Foi por meio deste último recurso, que o
Centro Operário e as sociedades mutualistas baianas em geral sobreviveram.
O valor dessas subvenções foi crescendo na proporção
direta da dependência do Centro Operário em relação
ao Estado. Já em 1895, esta sociedade recebeu cotas do prêmio
de uma loteria estadual de 500:000$000.15 Entre 1898 e 1901,
desfrutou de uma subvenção anual de 2:000$000 do Estado.16
Em 1902, essa sociedade tinha a receber 500$000 da Intendência de
Salvador, 2:000$000 do Estado e 15:000$000 da União.17
Entre 1907 e 1908, recebeu desse mesmo governo federal mais de 25:000$000
provenientes de suas quotas nas loterias federais.18 Em 1921,
as subvenções do Estado já alcançavam 4:000$000.
Entre os anos de 1921 a 1924, o valor subiu para 10:000$00019
e a partir de 1925, a subvenção anual do Estado alcançou
20:000$000.20
Uma outra forma de captar recursos exteriores ao meio operário
era a concessão de títulos de sócio benemérito
a pessoas abastadas e/ou influentes, pois seus resultados materiais (doações
pessoais), eram livres de quaisquer encargos, considerando que os contemplados
não iriam requerer nenhum dos serviços oferecidos pela sociedade.21
A partir da ascensão de Hermes da Fonseca à Presidência
(1910) e de J. J. Seabra ao Governo da Bahia (1912), esse tipo de sociedade
operária parece ter recebido um estímulo especial, pois
ambos radicalizaram o processo de cooptação de determinados
setores da classe operária, particularmente as sociedades que desenvolviam
atividades tidas como puramente mutualistas e cooperativas. A forma como
foi feito o chamado 4º Congresso Operário Brasileiro (1912),
fortemente apoiado pelo Estado, serve como evidência disso.22
Não por acaso também, o antigo Centro Operário converteu-se,
em 1911, na Associação Cooperativa Centro Operário
da Bahia.23 Entre as inovações, estavam a abolição
da distinção entre filiados agremiados e associados e sua
divisão em seis seções autônomas e com inteira
separação de caixas e responsabilidades. A 1ª seção
era responsável pelas habitações operárias,
diferenciando-se do que prescrevia seu antigo estatuto pelo fato de estabelecer
uma hierarquia composta de casas de 1ª e 2ª classe; a 2ª,
responsável pela carteira de crédito, trazia uma novidade
em termos de mutualismo, pois se incumbia da concessão de empréstimos
para os seus associados; a 3ª, de consumo, tinha por objetivo fornecer,
aos associados do Centro Operário, gêneros alimentícios
e instrumentos de trabalho a preços mais baixos; na 4ª, de
manufatura e construção predial, o Centro Operário
estabelecia como uma de suas metas a construção de oficinas
de tipografia e encadernação, marcenaria, ferreiro e torneiro
mecânico e alfaiataria, de onde a sociedade tiraria lucros usados
para sua própria capitalização; a 5ª, de instrução
primária e profissional, ofereceria aulas de instrução
primária e prendas domésticas, solfejo e canto e desenho
industrial e elementos de arquitetura, este último restrito aos
operários do sexo masculino; a 6ª, de socorros e pensões,
previa que cada sócio deveria contribuir com a quantia de $500
mensais para esta caixa, que seria complementada por parte dos lucros
das outras seções. Os valores das pensões também
mudaram, passando a ser de 30$000 mensais para o caso de moléstia,
válida por todo o período de recuperação,
e 15$000 mensais, em caráter vitalício, para o caso de invalidez.
Já o auxílio funeral caiu de 80$000 para 50$000 e a viúva
e filhos dos operários que falecessem no gozo de seus direitos
teriam pensão igualmente vitalícia de 25$000 mensais.
As relações de dependência que o Centro Operário
manteve com o Estado determinaram a sua crescente e progressiva integração
ao jogo das máquinas políticas, fenômeno perceptível
pela análise das disputas pelo aparato da sociedade e seus recursos.
Em momentos distintos, grupos diversos, todos vinculados a uma das facções
oligárquicas que disputavam o controle do Estado, travaram uma
luta desesperada, que terminou pelo aprofundamento da perda de autonomia
daquela sociedade frente às ingerências das elites facciosas.24
O exemplo maior disso está na eleição para a sua
diretoria em 1911-1912, quando a sociedade cindiu-se em dois grupos, liderados
por Domingos Silva, de um lado e Prediliano Pereira Pitta e Ismael Ribeiro
dos Santos, de outro. O problema da dualidade de diretorias foi resolvido
com a intervenção direta de Seabra que, por meio de um acordo,
favoreceu o primeiro grupo, tornando-o seu protegido e aliado em disputas
contra seus opositores.25
O fenômeno das relações do Estado com a classe operária
parece ter tido maior importância do que a que lhe tem sido conferida
e estudos mais profundos acerca da real influência do Centro Operário
sobre o operariado baiano e sobre o peso do voto operário nas eleições
e no jogo político dominante são imprescindíveis
para a ampliação desta percepção, pesquisa
apenas iniciada aqui.
NOTAS:
1 Mestre
em História pela UFBa, e Professor da UEFS. Agradeço à
Profª. Maria Cecília Velasco e Cruz pelos comentários
e sugestões feitos a esse texto.
2 APEB, Seção Legislativa, livro 951. Eram as seguintes
as sociedades: Sociedade Beneficente dos Alfaiates, Bolsa de Caridade,
Sociedade Beneficente Bolsa dos Chapeleiros, Associação
Tipográfica Baiana, Sociedade União das Classes, Sociedade
Filantrópica dos Artistas, Sociedade Protetora dos Desvalidos,
Sociedade Montepio dos Artífices, Sociedade Montepio dos Artistas,
Sociedade Montepio Geral da Bahia e Sociedade Humanitária das Senhoras.
3 O Centro Operário foi agraciado com tal distinção
pela Lei nº 1.305, de 30 de maio de 1919. Sua concessão foi
bastante rápida, tendo sido apresentado o projeto no dia 25/04/1919
na Câmara dos Deputados, aprovado nos 3 turnos daquela casa no dia
06/05, encaminhado ao Senado do Estado em 06/05, igualmente aprovado nos
3 turnos daquela casa no dia 26/05 e sancionado pelo governador Antonio
Moniz no dia 30/05/1919. APEB, Seção Legislativa, livros
59 e 908; Leis do Estado da Bahia do ano de 1919, Bahia, Imprensa Oficial
do Estado, 1919.
4 Além das já citadas, destacam-se a Associação
Tipográfica Baiana, Associação dos Empregados no
Comércio, Clube Caixeiral, União Caixeiral da Bahia e Associação
dos Funcionários Públicos.
5 O próprio presidente daquele partido, Gonçallo Espinheira,
teria argumentado, por meio de manifesto de 1º de setembro de 1890,
no jornal República Federal, que o Partido Operário "não
cogitava de política" e recomendava aos seus filiados "ampla
liberdade para sufragar os candidatos que cada um entendesse" nas
eleições de 15 de setembro de 1890. APEB, Jornal de Notícias,
08 e 29/08/1890; 3, 9 e 19/09/1890; 13 e 15/12/1890; 18/02/1892; República
Federal, 28/071890; 06/08/1890; 03 e 04/09/1890; A Voz do Operário,
19/09/1891, 02/01/1894, 06/05/1894 e 02/01/1896.
6 APEB, A Voz do Operário, 2 de janeiro de 1894, p. 2.
7 BPEB, Diário Oficial do Estado da Bahia. Edição
Especial do Centenário, 2 de julho de 1923.
8 APEB, A Voz do Operário, 6 de maio de 1894, p. 3.
9 Esse foi o caso, por exemplo, dos partidos operários fundados
sob a liderança do tenente Vinhaes e do tipógrafo França
e Silva no Rio de Janeiro em 1890. ver J. A. Valladares Pádua,
"A Capital, A República e O Sonho: A Experiência dos
Partidos Operários de 1890." In Dados, Rio de Janeiro, vol.
28, nº 2, 1985, pp. 163-192
10 Constituição do Centro Operário da Bahia,
de 6 de maio de 1894. In Diário da Bahia, 8 e 9 de junho de 1894.
11 Nos dois casos, a filiação era antecedida por uma
investigação da conduta do candidato na sociedade e o mesmo
só adquiria seus direitos legais após um ano de contribuição,
perdendo-os após seis meses de inadimplência.
12 Constituição do Centro Operário da Bahia,
de 6 de maio de 1894. In Diário da Bahia, 8 e 9/06/1894; Cláudio
H. M. Batalha, "Sociedades de Trabalhadores no Rio de Janeiro no
Século XIX: algumas reflexões em torno da formação
da classe operária." In Cadernos AEL, Campinas (SP), IFCH/UNICAMP,
vol. 6, nº 10/11, 1999, pp. 41-66. No caso do Centro Operário,
é preciso chamar a atenção para o fato de que os
benefícios em espécie das pensões por invalidez não
eram definitivos e seguiam uma regra segundo a qual o operário
receberia 50$000 até no máximo 1 ano, passado o qual o mesmo
seria convidado a continuar o tratamento na casa de recolhimento da sociedade.
Caso se negasse, tinha a alternativa de ver a sua pensão cair para
25$000 por no máximo mais 1 ano, quando seria suspensa em definitivo
e o associado teria como única opção hospitalizar-se
no Centro Operário.
13 Em 1919, a inadimplência atingia 2/3 dos sócios
e foi deliberado pela Assembléia Geral do Centro Operário
um indulto geral para todos os associados desde a Convenção
Domingos Silva. APEB, O Tempo, 14/02/1919 e 26/07/1919; Diário
Oficial do Estado da Bahia, 01/08/1919; Diário de Notícias,
04/08/1919.
14 Em 22/07/1912, por exemplo, foi apresentado um projeto ao Conselho
Municipal de Salvador pelo qual concedia-se isenção de todos
os impostos municipais à Cooperativa de Consumo do Centro Operário.
Jornal de Notícias, 23/07/1912.
15 APEB, Leis e Resoluções da Assembléia do
Estado da Bahia do ano de 1895, p. 75, Lei nº 97, de 08/08/1895
16 APEB, Leis e Resoluções do Estado da Bahia dos
anos de 1897, 1898, 1899 e 1900, Leis nº 214, de 19/08/1897, 283,
de 06/09/1898, 345, de 31/08/1899 e 408, de 20/09/1900.
17 BPEP, Relatório do Centro Operário da Bahia. Exercício
Social de 06/05/1902 a 30/04/1903, apresentado pelo sr. Ismael Ribeiro,
Presidente do Conselho Executivo e aprovado em sessão de Assembléia
Geral de 03/05/1903. Bahia: Imprensa Moderna, 1903. Há indícios
de que as subvenções federais eram conseguidas por meio
das ingerências da bancada baiana na Câmara Federal, prática
que se consolidou a partir da eleição, pela Bahia, do Deputado
Federal Mário Hermes, filho do presidente Hermes da Fonseca.
18 BPEB, Relatório do Centro Operário da Bahia. Exercício
Social de 06/05/1908 a 05/05/1909, apresentado pelo sr. Ismael Ribeiro
dos Santos, Presidente do Conselho Executivo à Assembléia
Geral e por esta aprovado em sessão de 20/04/1910, sob a presidência
do sr. Felippe Tranquilino de Castro. Bahia: Tipografia e Encadernação
do Liceu de Artes e Ofícios, 1910; APEB, Diário de Notícias,
15/07/1907, p. 1.
19 APEB, Leis e Resoluções do Estado dos anos de 1920
a 1923, Leis nº 1.464, de 14/09/1920, 1.541, de 14/10/1921, 1.611,
de 28/09/1922 e 1.706, de 24/09/1923, todas elas de orçamento.
20 APEB, Leis do Estado da Bahia dos anos de 1924 e 1925, Bahia,
Imprensa Oficial, 1925, Lei 1.819, de 31/07/1925. O fenômeno das
subvenções estatais às sociedades operárias
mutualistas também foi observado no Rio Grande do Sul, tanto para
associações estrangeiras (portuguesas e italianas), quanto
para nacionais, inclusive de negros, a despeito de seu menor peso financeiro
se comparado com o caso da Bahia. Ver Adhemar Lourenço da Silva
Jr., Estado e Mutualismo no Rio Grande do Sul (1854-1940). In Primeiras
Jornadas de História Regional Comparada. Porto Alegre: Delnei Friedrich
& Paulo Ribeiro, 2000. CD-ROM. (s9a1.doc), pp. 14-16.
21 Este recurso foi usado no momento da compra da sede social do
Centro Operário, em 1896, quando recorreu-se a subscrições
nos Conselhos Paroquiais, um empréstimo bancário e aos sócios
abastados. BPEB, Diário Oficial do Estado da Bahia. Edição
Especial do Centenário, 2 de julho de 1923. Sociedades de socorros
mútuos espanholas tiveram seus equivalentes nos sócios protetores,
que também conseguiam tal distinção a partir de donativos
em dinheiro ou de sua posição social e aproveitavam-se disso
para formarem as suas próprias clientelas. Michel Rale, "A
Função da Proteção Mutualista na Construção
de uma Identidade Operária na Espanha (1870-1910)" In Cadernos
AEL, Campinas (SP), IFCH/UNICAMP, vol. 6, nº 10/11, 1999, pp. 15-38.
22 Conclusões do 4º Congresso Operário Brasileiro,
realizado no Palácio Monroe, Rio de Janeiro, de 7 a 15/11/1912.
Rio de Janeiro, Tipografia Leuzinger, 1913. Entre as sociedades operárias
baianas participantes encontravam-se, além do Centro Operário,
as seguintes: S. B. U. Filantrópica dos Artistas, S. U. B. dos
Alfaiates, Liceu de Artes e Ofícios, Sociedade Operária
Carlos Gomes, Sociedade Protetora dos Desvalidos, Associação
Tipográfica Baiana , Clube dos Maquinistas e Sociedade Luz Protetora
da Cidade de Santo Amaro.
23 Estatutos do Centro Operário da Capital do Estado da Bahia,
aprovados em sessão de 9 de julho de 1911. Bahia, Tipografia do
Salvador, 1911. A partir de então, o Centro Operário passou
a ser regido pela Lei 1.637, de 05/01/1907.
24 Para uma análise dos conflitos interoligárquicos
na Bahia, ver Consuelo Novais Sampaio, Partidos Políticos da Bahia
na Primeira República: uma política de acomodação,
2ª edição, Salvador, Editora da UFBA, 1998.
25 Naquele momento, o Ministério da Fazenda chegou a enviar
um ofício, de 22/06/1912, recomendando à sua Delegacia Fiscal
da Bahia que não repassasse as quotas de loterias federais devidas
ao Centro Operário até que o conflito gerado pela dualidade
de diretorias tivesse fim. Após a celebração do acordo,
uma assembléia foi realizada para marcar uma festa de congraçamento
entre os dois grupos, terminando com vivas ao governador Seabra e ao Presidente
Hermes da Fonseca. Ver: Jornal de Notícias, 24 e 29/05/1912, 1,
3, 4, 10, 16, 18, 20, 23 e 2/07/1912.
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